Fala Técnica
Comprar um Carro
terça, 30 de novembro de 2021
Perguntas que devem ser respondidas antes da decisão da compra de um carro.
Paulo Romero
Comprar um carro é uma decisão importante, além de um bem de consumo é também um objeto de desejo, de afirmação, de realização. Decidida a compra, um mundo quase que infinito de possibilidades abra-se. Qual modelo? Novo ou usado? Qual o custo? Quanto é o seguro?
Respostas para essas perguntas dependem do orçamento disponível, das necessidades e da paixão que um automóvel desperta. É claro que o fator de maior peso na decisão é o custo. Devido ao oligopólio que domina o mercado brasileiro e a altíssima carga tributária fazem do carro no Brasil um dos mais caros do mundo. Sendo assim, o mercado de usados é muito forte com milhares de revendedores, além das pessoas físicas.

No intuito de oferecer subsídios para uma escolha consciente passo a oferecer alguns dados. Um veículo novo perde em média 20% do seu valor no primeiro ano de uso, e nos 5 anos subsequentes, cerca de 10% ao ano. Depois desse período há uma certa estabilização do preço. Portanto, um carro por volta do 6° ano de uso é o que tem uma relativa estabilização da curva de desvalorização e dos custos de manutenção. Evidentemente é dependente de como esse automóvel foi usado e do seu estado de conservação.
O que mais impacta na desvalorização de um carro é a sua quilometragem. Não é, nem de longe, o principal item a afetar a qualidade do carro, mas é o principal elemento de precificação. Um veículo com 6 anos de uso e 120mil quilômetros rodados pode estar em melhores condições que um de 3 anos e 20mil Km. Mas, para o mercado, o mais rodado terá um valor de revenda mais baixo porque é mais difícil de ser revendido.
Existem dezenas de empresas de vistoria, nunca dispense os seus serviços na avaliação de compra de um carro usado, principalmente se o vendedor é pessoa física. As lojas de carros possuem maior capacidade de oferecer garantias e seus estoques são vistoriados. Mesmo assim, ainda que a compra seja de um lojista, exija sempre um laudo cautelar do veículo.
Outro elemento que pesa na decisão é o custo de manutenção. Aqui entra a ponderação das opções entre um veículo novo ou usado. Se a necessidade é por confiabilidade, por exemplo, o uso do carro para viagem constante a trabalho, a opção pelo 0Km é a mais sensata. Se a compra dependerá de financiamento e o valor da parcela não é crítico para o orçamento, talvez o carro novo seja uma opção mais vantajosa por conta das taxas de juros serem mais competitivas comparando as oferecidas aos usados. Também conta o status de ter um “carro do ano” e é inegável o prazer que proporciona o “cheirinho de carro novo”.
Mas o setor de usados também tem os seus encantos. Começando pelo valor agregado menor. Por exemplo: uma Mercedes-Benz C 63, 2008/9 possui valor de mercado na casa dos 100mil, o mesmo que um VW Polo GTS, 0Km. Outro exemplo bastante interessante: um Citroën C4 2009/10 custa por volta de R$ 25.000,00, com câmbio automático, bancos em couro, ar digital de duas zonas, motor 2.0, 6 air-bags, controle eletrônico de estabilidade, enquanto o mais barato dos carros novos não sai por menos de R$ 35.000,00, e vem “pelado”, motorzinho 1.0 e talvez um ar condicionado simples.
Decidido por novo ou usado começa a escolha do modelo, aqui a subjetividade tem uma grande parcela de peso, porém, o uso pretendido deve influenciar na escolha. Também é determinante o tamanho da família e se esse automóvel será o único ou é o carro suplementar. Para deslocamentos urbanos e para as necessidades de um jovem casal, os compactos e hatches médios atendem bem. Para executivos de empresas e viagens de fim de semana, os sedans médios são os mais indicados. Famílias maiores que usualmente vão para o campo, os SUVs são a pedida. As Station Wagons, vulgo peruas, é a categoria mais versátil. Atendem bem, praticamente todas as necessidades. É uma pena que estejam morrendo em nosso mercado. Não há mais opção nacional 0km desse tipo de veículo.
O seguro é indispensável e o seu valor depende de fatores além do carro. O perfil do condutor, o endereço e a utilização do veículo influenciam nesse preço. Também pesa o modelo do carro. Aqueles com características esportivas, preferidos por gente jovem, são o que as seguradoras pedem um maior valor percentual para segurar. Automóveis mais visados por ladrões, evidentemente também tem o seguro mais caro.
O mundo do automóvel é fascinante. É uma invenção que transformou radicalmente a sociedade. É um objeto de desejo e instrumento que mais proporciona conforto, liberdade e independência. Se estás decidido pela compra de um carro, pense bem. Procure informações, pondere suas necessidades e assim desfrute com alegria e responsabilidade.